Avanço das Moedas Digitais, Contrato da Meta com a Scale AI, Procura por Bunkers, Waymo em NY, Microsoft Demitindo e Juros de 15%
Bom dia! Hoje é 19 de junho. Neste mesmo dia, em 1623, nascia Blaise Pascal: matemático, físico e filósofo que, ainda aos 19 anos, construiu a primeira calculadora mecânica funcional da história. Um precursor da computação moderna.
E hoje, em plena era digital, os algoritmos que Pascal ajudou a fundamentar estão redefinindo o sistema financeiro, a política monetária e até os rumos da guerra.
Stablecoins, Coinbase e o novo sistema operacional financeiro
A Coinbase anunciou duas iniciativas que colocam as stablecoins no centro da nova arquitetura financeira digital:
Uso do USDC (stable dólar) como colateral em negociações institucionais.
Serviço de pagamentos com stablecoins para e-commerce.
Ambas sinalizam um deslocamento claro da função monetária tradicional para tokens digitais estáveis, acessíveis, programáveis e, agora, integrados a ambientes de consumo.
Esse avanço não acontece no vácuo. Vem num momento em que as CBDCs (moedas digitais de bancos centrais) ganham força — como no Brasil (Drex) e na China. Mas enquanto as CBDCs ainda enfrentam obstáculos regulatórios e desconfiança pública, as stablecoins avançam rápido pelo setor privado, plugadas diretamente ao e-commerce e grandes plataformas.
O futuro da moeda não será definido em reuniões de Bancos Centrais, mas em linhas de código. E a Coinbase, que viu suas ações dispararem com o avanço da Lei “Genius Act”, está se posicionando como o novo banco central das blockchains.
Meta fecha com a Scale AI e acende guerra no setor
A Meta fechou um contrato bilionário com a Scale AI, empresa especializada em curadoria e anotação de dados para IA. Resultado? A OpenAI rompeu com a Scale como fornecedora.
Logo em seguida, Google e xAI também recuaram nos investimentos na empresa. A movimentação evidencia o quanto dados se tornaram arma geopolítica da tecnologia.
Num cenário onde os modelos são cada vez mais parecidos em estrutura, o diferencial não está mais no algoritmo — mas nos dados que o treinam. A guerra entre Big Techs migrou para os bastidores: quem controla os dados, dita a IA.
A parceria da Meta e o isolamento da Scale levantam um alerta: a concentração de fontes de dados pode limitar a pluralidade dos modelos e exacerbar vieses. O que parece apenas uma troca comercial pode definir a hegemonia informacional do futuro.
Bunkers, guerra e a corrida pela engenharia bélica
Com a escalada do conflito entre Israel e Irã, a procura por engenheiros militares, projetistas de bunkers e especialistas em tecnologia defensiva explodiu em vários países. Empresas de segurança e defesa relatam alta na demanda por soluções subterrâneas, sensores autônomos e IA embarcada.
A tecnologia de guerra se descentralizou: drones, lasers, satélites e bunkers inteligentes substituíram tanques e tropas. E a engenharia bélica virou uma indústria de inovação paralela — financiada por governos, mas impulsionada por startups e ex-militares tecnólogos.
Essa militarização do know-how civil levanta dilemas sérios: até onde startups devem ir ao fornecer tecnologia para a guerra? A fronteira entre defesa e ataque nunca foi tão turva. E o campo de batalha… cada vez mais algorítmico.
Waymo quer operar robotáxis em Nova York
A Waymo, braço de carros autônomos da Alphabet, pediu autorização para testar seus robotáxis em Nova York, a cidade mais complexa, congestionada e regulada dos EUA. Se aprovada, a operação será o maior teste de IA urbana da história.
Dirigir em NY exige lidar com ciclistas imprevisíveis, pedestres distraídos, buzinas caóticas e clima variável. Se a Waymo funcionar lá, pode funcionar em qualquer lugar. Mas, ao mesmo tempo, o projeto enfrentará resistência política, sindical e cultural.
Robotáxis não são apenas tecnologia. São uma reforma silenciosa no modelo de trabalho urbano. Cada carro sem motorista ameaça empregos, rotinas e desafia o papel do humano na cidade.
Microsoft vai demitir milhares e mudar seu time de vendas com IA
A Microsoft vai cortar milhares de empregos, principalmente na área comercial. A justificativa? Reorganizar sua força de vendas para um modelo orientado por IA, onde algoritmos assumem parte do trabalho de pré-venda, qualificação de leads e até relacionamento com o cliente.
É mais uma etapa da substituição silenciosa da camada do meio: os analistas, executivos médios e profissionais de suporte, que até aqui serviram de ponte entre sistemas e estratégia.
A IA comercial já não é só um assistente — virou colega de equipe. E em breve, pode virar chefe.
Brasil sobe juros para 15%
O Banco Central brasileiro elevou a Selic para 15%. A justificativa é conter a inflação. Mas o efeito colateral é direto: encarece o crédito, afasta capital estrangeiro de risco e torna mais difícil empreender em tecnologia.
Startups, centros de P&D, fundos de venture capital e projetos em IA e infraestrutura digital perdem fôlego. O juro alto pode frear a moeda — mas também desacelera o país.
Num mundo onde o capital corre para onde há inovação, o Brasil insiste em usar juros como freio — mesmo que isso custe o volante do futuro.