Elon e Mais Uma Promessa Não Cumprida
Na contagem regressiva, a expectativa era de um anúncio histórico. Mas o tão prometido serviço de robotáxis da Tesla, marcado por Elon Musk para o dia 12 de junho, não foi lançado. Mais uma vez, o futuro chegou com atraso — e a promessa, com gosto de déjà vu, ficou no ar. Para quem acompanha de perto a trajetória de Musk, esse tipo de frustração já virou quase rotina.
Elon Musk é, sem dúvidas, um dos maiores visionários da nossa era. Mas também é um dos maiores procrastinadores de promessas. Desde carros voadores até colônias em Marte, passando por chips cerebrais e túneis subterrâneos, Musk já anunciou dezenas de datas que não se cumpriram. No caso dos robotáxis, ele vem falando sobre essa revolução desde 2019, quando prometeu que "em um ano" a Tesla teria um milhão de veículos autônomos nas ruas.
A repetição desse padrão levanta um ponto importante: qual o custo de criar expectativas irreais? Claro, a inovação exige ambição, e Musk nunca foi tímido nisso. Mas quando os prazos são sistematicamente ignorados, surge um desgaste de credibilidade — não só com o público, mas com investidores, parceiros e até governos que moldam suas regulações com base em declarações do executivo. Em Wall Street, ações da Tesla costumam reagir aos anúncios de Musk como se fossem fatos consumados — o que torna cada adiamento um pequeno terremoto no mercado.
A questão aqui não é apenas sobre um serviço de robotáxi. É sobre a confiança no discurso. Musk vende futuro como poucos, mas começa a correr o risco de virar o garoto que gritava “lobo” — e isso tem implicações profundas. Empresas que se posicionam como líderes tecnológicas precisam equilibrar ousadia com responsabilidade comunicacional. Um cronograma falho pode parecer detalhe, mas mina o capital simbólico acumulado com o tempo.
O visionário que fala com Marte precisa, eventualmente, entregar aqui na Terra.