Esporte: A Última Grande Máquina de Atenção
As Big Techs e a Disputa pelo Tempo de Tela Esportivo.
Nos últimos anos, uma tendência silenciosa, mas avassaladora, tomou conta do mundo da tecnologia: as Big Techs estão apostando alto no esporte. De patrocínios massivos na Fórmula 1 à compra de direitos de transmissão em mercados-chave como a Índia, essas gigantes entenderam algo fundamental: o esporte é a última grande máquina de atenção do mundo.
Bilhões pela Atenção
Se olharmos para os movimentos recentes, fica claro que as plataformas digitais perceberam que o esporte é um ativo de atenção incrivelmente valioso. Amazon Prime, Apple e YouTube, por exemplo, investiram bilhões em direitos de transmissão, comprando pacotes de futebol americano, Premier League, La Liga, NBA e muitos outros.
A Disney, por meio da ESPN, reforçou sua presença no streaming, enquanto a Netflix, histórica resistente a transmissões ao vivo, já se rendeu a isso. O Google, por sua vez, comprou os direitos do Sunday Ticket da NFL, um dos pacotes de transmissão mais valiosos do mundo.
E não é só transmissão: a Fórmula 1 viu um boom de audiência após o sucesso da série Drive to Survive na Netflix, mostrando que contar histórias em torno do esporte é tão valioso quanto o evento em si.
A Netflix, que sempre evitou transmissões ao vivo, agora dá sinais claros de que está entrando no jogo. O sucesso da transmissão ao vivo da luta de Mike Tyson é um marco nesse movimento.
Se a Netflix conseguir consolidar um modelo viável para transmissões esportivas ao vivo, pode se tornar um novo concorrente direto de gigantes como ESPN, Amazon e YouTube, ampliando ainda mais a disputa pela atenção global.
Tempo de Tela
Por que tudo isso? Porque o esporte gera um tempo de tela incomparável. Ao contrário das redes sociais, onde o tempo é fragmentado e disperso entre infinitos conteúdos curtos, um jogo de futebol prende a audiência por 90 minutos. Uma corrida de Fórmula 1 leva cerca de duas horas. O Super Bowl dura 4 horas.
Durante esse tempo, a atenção é ininterrupta, gerando um tipo de engajamento que nenhuma outra plataforma digital é capaz de reproduzir. O tempo médio de retenção de um vídeo no TikTok ou Instagram? Poucos segundos.
Se olharmos para dados concretos, os números impressionam: a final da Copa do Mundo de 2022 foi assistida por cerca de 1,5 bilhão de pessoas. O Super Bowl 2024 atraiu mais de 120 milhões de espectadores apenas nos EUA.
Compare isso com o vídeo mais visto do YouTube, que acumulou cerca de 13 bilhões de visualizações, mas ao longo de muitos anos e sem retenção garantida. Enquanto o algoritmo das redes sociais luta para capturar sua atenção por minutos, o esporte consegue prendê-lo por horas.
Tela + E-commerce
Esse domínio do tempo de tela faz do esporte uma peça-chave no tabuleiro das Big Techs. Além da transmissão em si, há as apostas, o e-commerce, o fantasy game e todo um ecossistema ao redor que gera receita e fideliza o espectador.
Amazon, por exemplo, não quer apenas que você assista à Premier League no Prime Video; quer que você compre a camisa do seu time e os presentes dos filhos dos amigos na loja deles enquanto assiste ao jogo.
Se antes o esporte era um negócio exclusivo de emissoras tradicionais, hoje ele se tornou uma batalha digital. As Big Techs entenderam que a próxima fronteira da atenção não é apenas um feed infinito de conteúdo curto, mas sim eventos ao vivo capazes de prender o público de forma intensa e prolongada.
Quem controla o esporte, controla a atenção. E quem controla a atenção, ganha o jogo. O que você acha? O futuro do esporte estará nas mãos das Big Techs?
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