Lembre-se de Cavar o Poço Bem Antes de Sentir Sede
Existe um provérbio chinês que eu costumo repetir em reuniões estratégicas: “Lembre-se de cavar o poço bem antes de sentir sede.” Ele parece simples, mas carrega um dos maiores alertas para qualquer empresa que deseja ter futuro — e não apenas presente.
Quando a operação está rodando bem, quando o caixa está saudável, o crescimento parece consistente e o cliente está satisfeito, a tendência natural é de focar apenas na repetição do que está dando certo. Afinal, para que mudar, se está funcionando? É exatamente aí que mora o perigo.
A ilusão do agora é confortável. A empresa começa a acreditar que o ciclo atual vai durar para sempre. E nessa crença, se fecha para o novo. Deixa de investir em inovação. Para de explorar o que ainda não conhece. E negligencia os sinais que indicam que, em algum momento, o cenário pode virar. O mercado muda. O cliente muda. A tecnologia muda. E se a empresa não estiver cavando seu próximo poço com antecedência, vai morrer de sede no primeiro sinal de seca.
Cavar o poço antes é, na prática, equilibrar curto e longo prazo. É fazer o que precisa ser feito hoje, sem deixar de construir as bases do que será necessário amanhã. É ter coragem de abrir frentes que ainda não geram resultado, mas que serão vitais em algum momento. É errar com aprendizado, testar o desconhecido, formar pessoas com visão de futuro e cultivar uma cultura que não dependa apenas da sorte ou do acaso.
A verdade é que as empresas que se perpetuam não são as que esperam a crise chegar para mudar. São aquelas que já estavam prontas quando ela bateu na porta. Elas sabiam que a abundância é o melhor momento para plantar o que só vai florescer anos depois. Elas sabiam que a sede viria — e o poço já estava lá.