O sábio Aponta a Lua, o Tolo Olha Para o Dedo
Vivemos na era da abundância de estímulos. Há oportunidades por todos os lados, novidades a cada rolagem de tela, alertas constantes nos celulares, convites para eventos, mentorias, acelerações, plataformas, lançamentos, lives, tendências. Ser empresário hoje é navegar em um mar infinito de possibilidades – o que, paradoxalmente, também se tornou um grande risco.
O provérbio chinês “O sábio aponta a lua, o tolo olha para o dedo” é uma das mais poderosas metáforas para os tempos atuais. Ele nos lembra que há uma diferença entre o que é sinal e o que é distração. O dedo aponta a direção, mas não é o destino. O empresário que perde tempo demais analisando o dedo – a ferramenta, a tendência, o modismo – pode esquecer de olhar para onde está indo. E pior: pode nunca chegar.
Num mundo difuso, foco virou estratégia. Mais do que saber o que fazer, é preciso ter clareza do que não fazer. Mais do que correr, é necessário saber para onde correr. E mais do que mudar o tempo todo, é essencial sustentar uma visão que atravesse os ciclos, que aguente as oscilações, que resista às modas passageiras. O empreendedor sábio é aquele que mantém a visão estável, mesmo quando a execução exige flexibilidade.
Porque sim, ser fluido na execução é fundamental. Os planos mudam, o mercado gira, as tecnologias evoluem. Mas a missão precisa ser constante. O norte não muda. Os olhos continuam fixos na lua.
Muitos negócios naufragam não por falta de talento, mas por excesso de reatividade. A cada nova tendência, um novo desvio. A cada nova oportunidade, uma nova distração. A cada novo concorrente, uma nova comparação. Resultado? Perdem-se identidade, clareza, propósito. E quando isso acontece, o esforço vira ruído. Muito movimento, pouco avanço.
Focar no essencial é quase um ato de rebeldia hoje em dia. Exige coragem para dizer não, para reduzir, para simplificar. Mas só quem simplifica é capaz de ver com nitidez. Só quem vê com nitidez consegue construir com precisão. E só quem constrói com precisão alcança relevância duradoura.
Por isso, que o dedo seja apenas um meio. Que as ferramentas sejam apenas alavancas. Que a lua – a visão, o propósito, o impacto que se deseja gerar – continue sendo o destino.
Porque no fim, os que olham para o dedo acumulam dados.
Os que olham para a lua, constroem legados.