A montanha-russa da Nvidia e as Entrelinhas do Mercado
O que realmente importa não está nos gráficos de curto prazo.
Ontem fui convidado pela CNN para falar sobre a Nvidia. Há um mês, a empresa valia US$ 3,5 trilhões. Então, o DeepSeek, uma nova IA chinesa, surgiu e, de repente, o mercado decidiu que a Nvidia não valia tanto assim—seu valor caiu US$ 600 bilhões.
Pouco tempo depois, os resultados trimestrais vieram e a empresa voltou aos US$ 3,5 trilhões. Agora, caiu novamente para US$ 2,8 trilhões. Nada disso aconteceu porque a Nvidia mudou radicalmente.
A tecnologia dela não ficou obsoleta de um dia para o outro. O que mudou foram as expectativas dos investidores, que muitas vezes são voláteis e emocionais. A cada bom resultado, o mercado espera mais e mais.
O mercado financeiro tem uma lógica própria, onde a realidade importa menos do que a percepção sobre essa realidade. Se uma empresa promete X e entrega X-1, mesmo que ainda seja um resultado extraordinário, suas ações podem despencar.
Foi o que aconteceu com o Nubank: apesar de ter reportado um lucro recorde de R$ 12 bilhões em 2024, suas ações caíram mais de 20% porque o mercado esperava um pouco mais. E isso não faz muito sentido.
No curto prazo, investidores agem como um cardume, reagindo a números sem olhar para o que eles realmente significam. Esse é o "mercado do mercado" — um ciclo de especulação onde os traders negociam não o valor real das empresas, mas as expectativas sobre elas.
O problema é que os números, por si só, não contam toda a história. As verdadeiras oportunidades — e os riscos reais — estão escondidos nas entrelinhas. Empresas não são apenas seus balanços trimestrais.
Uma empresa como a Nvidia não pode ser analisada apenas pelo faturamento do último trimestre, mas pelo seu papel na transformação estrutural da economia digital. Vivemos a “Era da IA", isso não pode ser ignorado.
Se olharmos além dos gráficos de curto prazo, a pergunta central permanece: existe um futuro onde inteligência artificial não seja crucial? Se a resposta for "não", então a Nvidia segue sendo um dos pilares dessa revolução.
O mercado adora movimentos bruscos, mas tecnologia não se constrói em dias ou semanas — se constrói em anos. Quando olhamos para os fundamentos da Nvidia, vemos que ela não apenas produz chips poderosos, mas está criando a infraestrutura que vai sustentar a nova era da computação.
Desde data centers até sistemas autônomos, ela é peça-chave no avanço da IA. Enquanto traders tentam prever o próximo movimento do gráfico, os verdadeiros visionários olham para o que está por trás dos números.
No longo prazo, são esses fundamentos invisíveis — escondidos nas entrelinhas — que definem o destino de uma empresa. Por isso é tão necessário ir além do óbvio e aprofundar-se para encontrar o que realmente importa.