Quem Vive de Passado é... a Apple?
Enquanto a Apple de Steve Jobs arriscava, a de Tim Cook otimiza.
Houve um tempo em que a Apple não apenas antecipava o futuro – ela o criava. Seus lançamentos não eram meras evoluções tecnológicas, mas verdadeiros pontos de inflexão na indústria.
O iPhone não foi só um celular melhor, ele redefiniu a forma como interagimos com o mundo digital. O iPad não foi apenas um tablet, foi a consolidação de um novo formato de computação. O Apple Watch transformou wearables em um mercado desejado. A empresa não apenas respondia às tendências – ela as criava.
Mas algo mudou. E a sensação é de que, em algum momento, a Apple deixou de ser a força propulsora do futuro para se tornar uma seguidora das inovações que já estão acontecendo.
Veja os movimentos recentes
As gigantes chinesas perceberam que o futuro da mobilidade estava nos carros elétricos e partiram para essa corrida. Huawei, Xiaomi e outras marcas apostaram pesado. A Apple, que antes sempre esteve à frente, tentou entrar nesse jogo.
Investiu bilhões, montou uma equipe de elite e, depois de mais de uma década de pesquisas, desistiu. Algo impensável para a Apple de outros tempos, que quando decidia criar uma nova categoria, entregava algo revolucionário.
A Samsung anunciou o Galaxy Ring, um anel inteligente para monitoramento de saúde. A Apple, que já foi a precursora da revolução dos wearables, simplesmente reagiu: comunicou que também terá um anel próprio.
O mesmo aconteceu com a realidade virtual. Quando a Meta lançou os Quest e apostou nessa direção, a Apple demorou, mas veio com o Vision Pro. Ainda que o produto seja excelente, não partiu dela o impulso inicial.
E agora, a inteligência artificial. A OpenAI, a Google e a Microsoft redefiniram o mercado com seus modelos generativos. As fabricantes de smartphones se apressaram para integrar IA diretamente nos dispositivos.
A Apple, que antes moldava tendências, ficou para trás. Até que, pressionada pelo movimento do mercado, decidiu trazer IA para o iPhone. Porém, isso foi um movimento de defesa e não de pioneirismo, com outrora.
A Apple ainda é uma potência. Seu ecossistema é impecável, seus produtos mantêm um padrão de excelência e sua influência é inegável. Mas a diferença entre liderar a revolução e apenas garantir que sua empresa não fique obsoleta é enorme.
O que aconteceu com a Apple? É uma mudança deliberada de estratégia, focada na segurança de apostar apenas em mercados já validados? É o reflexo da ausência de uma figura visionária como Steve Jobs?
Ou é simplesmente um efeito colateral natural do crescimento de uma empresa que agora precisa preservar seu império ao invés de arriscar por novos territórios? A Apple deixou de ser uma empresa inovadora e tornou-se conservadora?
Seja qual for a resposta, uma coisa é certa: a Apple de hoje não é a mesma Apple que um dia moldou o futuro. E se ela continuar apenas reagindo às inovações alheias, em breve pode deixar de ser referência.
O visionário e o executor
A mudança de postura da Apple pode ser entendida pela diferença entre seus dois líderes mais icônicos. Steve Jobs era um visionário. Ele não apenas pensava no que o mercado queria – ele criava desejos antes mesmo de os consumidores saberem que precisavam deles.
Para Jobs, inovação não era seguir tendências, mas antecipá-las e moldá-las. Foi assim que ele trouxe ao mundo o iPhone, o iPad, o iPod e o conceito de uma loja de aplicativos que redefiniu o mercado.
Já Tim Cook é um mestre da execução. Sob sua liderança, a Apple se tornou a empresa mais valiosa do mundo, refinando sua operação, maximizando margens de lucro e expandindo seu ecossistema de forma agressiva.
Ele transformou a Apple em uma gigante inabalável do ponto de vista financeiro, mas sem os mesmos saltos de inovação que marcaram a era Jobs. Cook é eficiente, pragmático e meticuloso – mas não é um criador de futuros.
O resultado? A Apple de Jobs arriscava, a de Cook otimiza. Ninguém pode questionar os resultados de Tim: a Apple vale US$ 3,4 trilhões agora. Mas será que a inovação que falta hoje, cobrará o preço no futuro?
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